Diversos movimentos sociais realizaram, nesta terça-feira (30), em Brasília, uma manifestação pela redução imediata da taxa de juros. Com o lema "Menos juros e mais emprego", a primeira mobilização do dia foi um faixaço e panfletagem em frente à sede do Banco Central (BC).
Depois, ainda nesta terça, a ação foi na Rodoviária do Plano Piloto, com o objetivo de dialogar com a população sobre a necessidade de fortalecer o movimento. Além de Brasília, outras cidades realizaram manifestações.
Segundo Alberto Luiz, representante do Comitê Popular de Luta Rede Lular, a proposta do panfletaço foi dialogar com as pessoas e mostrar os pontos onde a alta taxa de juros impacta a vida da população. "Juros elevados significam menos recursos do governo para as políticas sociais, menos recursos para a política de educação e saúde", explica.
"Ano passado foram 700 bilhões de reais pagos a título de juros sobre a dívida, um valor que é, mais ou menos, 50 anos de Bolsa Família", diz Alberto Luiz. "Juros baixos permitem que os preços estejam controlados, que as pessoas tenham uma renda e acesso às políticas educacionais, porque elas vão ter maior capacidade de atendimento. É isso que a gente está tentando mostrar para as pessoas", completou.
Taxa Selic
A agenda de luta ocorre em simultâneo com o primeiro dia de reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) sobre o tema, que ocorre nesta terça e quarta-feira (30 e 31). Na ocasião, são discutidos os rumos da taxa Selic, isto é, a taxa básica de juros, referência para as demais taxas da economia.
Atualmente, a taxa Selic está fixada em 10,5%, sendo ela responsável por ser a taxa básica que influencia outras taxas de juros do país, como taxas de empréstimos, financiamentos e aplicações financeiras. A definição da taxa Selic é o principal instrumento de política monetária utilizado pelo Banco Central para controlar a inflação.
Para José Wilson da Silva, da Secretaria dos Aposentados do Sindicato dos Bancários de Brasília e presidente do PT Brasília, com juros menores, os agentes do mercado produtivo estariam investindo e produzindo mais, gerando mais emprego para, de fato, "girar a roda da economia". "A taxa de juros encarece os produtos e faz com que, sob a desculpa de conter a inflação, os encareça porque há pouca produção", explica.
Também conforme o Sindicato dos Bancários do DF, um dos motivos para os protestos é o prejuízo que os juros altos causam nos orçamentos familiares. A última Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic), da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), divulgada este mês, mostra que, em junho, o percentual de brasileiros endividados foi de 78,8%. O principal vilão, segundo o levantamento, é o cartão de crédito, que tem seus juros influenciados pela Selic.
"Se você vai tomar um crédito ou se você tem um cartão rotativo, um cartão de crédito, se você tomar um empréstimo no banco ou compra qualquer mercadoria, como uma geladeira financiada, você paga juros muitíssimos mais elevados. Isso faz com que seja contida a produção e o consumo", afirma Wilson.
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Edição: Márcia Silva