Uma manifestação em favor da liberdade de Daniel Jadue, prefeito da comuna de Recoleta no Chile, acontece neste sábado (3), às 11h, em frente à Embaixada do Chile, em Brasília. A organização é da Rede Lawfare Nunca Mais. 

O prefeito e membro do Partido Comunista Chileno ganhou notoriedade nacional ao enfrentar o poder das multinacionais farmacêuticas com políticas públicas inovadoras. No entanto, sua popularidade trouxe consigo uma controversa perseguição judicial, resultando em sua prisão antes mesmo de um julgamento. Daniel Jadue está preso há mais de 60 dias.

De acordo com Cleide Martins, diretora administrativa da Rede Lawfare Nunca Mais, gestão do Prefeito chileno mudou a lógica neoliberal ao promover políticas públicas com grande impacto na melhoria da qualidade de vida da população. 

“Farmácia, ótica e imobiliária popular foram soluções tão largamente aprovadas pela população, que Daniel Jadue foi eleito e reeleito por três vezes para prefeito e tornou-se um candidato viável às eleições presidenciais”, destacou.

A Rede LNM publicou uma carta de repúdio à prisão (confira na íntegra no fim do texto).

Em resposta a essa situação, o Comitê Nacional e Internacional Justiça para Daniel Jadue iniciou uma campanha de solidariedade exigindo a libertação imediata de Daniel.

Os organizadores pedem que “levem para a rua uma rosa branca, símbolo da campanha, e façam engajamento digital com as hashtags #JadueLibre e #JusticiaParaJadue nas mensagens e imagens que publicar nas redes sociais, especialmente no X/Twitter”.

Contexto da prisão

Daniel Jadue foi preso no início do mês por desafiar o monopólio e o poder das grandes empresas farmacêuticas, conforme afirmaram líderes da América Latina e Espanha. Jadue foi acusado de suborno, administração desleal, fraude fiscal e fraude na gestão das farmácias populares, que promoveu como alternativa de baixo custo às redes comerciais.

Carta de repúdio à prisão de Daniel Jadue

Uma rosa branca para Daniel:

Daniel Jadue, prefeito da Recoleta – Chile, é admirado pela população de sua cidade. Sua gestão mudou a lógica neoliberal ao promover políticas públicas com grande impacto na melhoria da qualidade de vida da população: farmácia, ótica e imobiliária popular foram soluções tão largamente aprovadas pela população, que o político foi eleito e reeleito por três vezes para prefeito e tornou-se um candidato viável às eleições presidenciais.

No entanto, quando o estado atua para assegurar a realização de direitos sociais, o mercado não perdoa. E, como tem ocorrido em diversos países da América Latina, a nova máquina de guerra não militar é acionada. Mídia e sistema judicial são postos em operação para deslegitimar, perseguir e aniquilar o inimigo político. A operação denominada lawfare (law – direito e warfare – guerra) foi concebida com o fim precípuo de intervir nas democracias, violando a soberania eleitoral, afastando líderes políticos que contrariam o deus mercado.

O lawfare, guerra por meio do direito em conjunto com a mídia hegemônica, ou guerra humanitária, como a denominam os generais estadunidenses, tem manual e método. Líderes políticos sofrem gigantesca exposição midiática sob acusações ilegítimas de corrupção. O objetivo da superexposição é transformar o inimigo de um em inimigo de todos, e fazer com que todos o odeiem e que se encubram violações a seus direitos e garantias fundamentais.

A Daniel Jadue foram imputadas inúmeras acusações ilegítimas ou frívolas de corrupção, fundamentadas em denúncias de um representante de um laboratório e de um motorista que alegam terem feito um negócio com a prefeitura que resultou em prejuízo. Para provar o fato, juntaram uma foto ao lado do prefeito. A esta primeira denúncia se somaram outras, tão vazias e frívolas quanto esta.

Na audiência de custódia, em uma decisão claramente política, sem qualquer razão que justificasse, a juíza do caso decretou que Daniel Jadue, político a quem o povo escolheu por três vezes para governar sua cidade, após tais denúncias, tornou-se um perigo para a cidade, não pode permanecer no cargo e por isto deve ser preso preventivamente.

 A prisão tem objetivo claro de gerar imagens para o escárnio da população. Nós da Rede Lawfare Nunca Mais, associação que reúne vítimas de lawfare no Brasil, manifestamos nosso mais profundo repúdio à manipulação e uso do sistema judicial a fim de perseguir um inimigo, violando seus direitos e garantias, expondo sua imagem e interrompendo sua carreira política.

A prisão que já dura 60 dias, sem que Jadue nunca tenha sido julgado, já condenou Jadue à perda do mandado de prefeito.

Demandamos sua imediata liberação, como forma de restaurar a justiça e de preservar a democracia.

Em sua defesa, formou-se um Comitê Internacional e Nacional Jadue Libre.

A convite do Comitê Internacional Jadue Libre no Brasil, serão realizados atos públicos no Rio de Janeiro, em frente ao consulado do Chile e em Brasília, em frente à Embaixada do Chile. 

:: Clique aqui para receber notícias do Brasil de Fato DF no seu Whatsapp ::

Edição: Flávia Quirino