Os partidos de progressistas do Distrito Federal que fazem oposição ao governo Ibaneis Rocha (MDB) e estão na base do presidente Lula (PT) estão numa articulação para evitar o lançamento de diversas candidaturas majoritárias em 2026 e facilitar o caminho para a direita e extrema direita no próximo pleito. Com a antecipação das movimentações do campo da direita, a estratégia dos partidos progressistas em buscar uma união a dois anos da eleição se mostra uma alternativa para fortalecimento do grupo.
“Essa união entre direita e extrema direita nas últimas eleições garantiu a eles ganhar todos as disputas majoritárias no DF, que são os cargos de senador, governador e presidente da república. A esquerda e centro esquerda não se uniram e se isso ocorrer podemos ter um resultado diferente em 2026”, avaliou a cientista política Maria Eduarda Mascarenhas.
“Essa movimentação que a gente está vendo agora dos partidos de esquerda e centro esquerda no DF vimos nas eleições presidenciais [2022] e está acontecendo agora em algumas eleições municipais”, lembrou Maria Eduarda. Segundo ela, a dificuldade costuma ser maior no campo da esquerda, pois cada grupo tem um projeto específico e por isso precisam discutir.
De acordo com o presidente do PT-DF, Jacy Afonso, existem várias pautas que aproximam esse grupo de partidos e por isso o diálogo está sendo possível. “Há uma importância da gente está fazendo esse diálogo dois anos antes das eleições, para termos tempo de procurar um alinhamento e não ser um processo de última hora”, avaliou.
“Nós estivemos junto, por exemplo, na luta pela implementação da CPI da Saúde, na luta contra a privatização da Rodoviária. Então é isso que nós queremos, criar um sentimento de pertencimento desse conjunto de partidos políticos na vida real do Distrito Federal e isso é um processo de longo prazo”, defendeu Jacy, se mostrando empolgado com os resultados das reuniões que o grupo tem feito.
Agenda de atividades
Os oito partidos que estão comprometidos com esse diálogo são: PT, PDT, PSB, PSOL, PCdoB, PV, Rede e Cidadania – essa última legenda apesar de ter a deputada distrital Paula Belmonte, que é próxima ao bolsonarismo, nos quadros passou a ser dirigido por um grupo mais progressista, que em julho elegeu o ex-governador Cristovam Buarque como presidente. Na última segunda-feira (29/07), o grupo de partidos se reuniu e definiu uma agenda de encontros programáticos.
“Todos esses partidos têm uma preocupação com o futuro no DF e ainda que com opiniões diferentes sobre qual o melhor caminho para conseguir isso, mas nós tiramos o entendimento de voltar a nos reunir por regiões administrativas”, contou o presidente do PT-DF, que participou da reunião. Segundo ele, serão quatro seminários regionais e serão feitas discussões temáticas, com assuntos como saúde, educação, transporte, dentre outros.
Apesar dos partidos e deputados estarem atuando nas eleições do Entorno, nas eleições deste ano, Jacy Afonso disse que o assunto não vai ser discutido pelo grupo, pois o foco é a discussão no DF.
Candidatos majoritários
Apesar dos partidos não adiantarem quem serão candidatos para as eleições majoritárias, na última pesquisa divulgada pelo instituto Paraná Pesquisas (julho de 2024), o nome do presidente do Iphan, Leandro Grass (PV), foi o único do grupo incluído nos cenários, alcançando até 14,8%. Grass foi o candidato da federação PT-PV-PcdoB em 2022, terminando em 2º lugar, com 26,5% dos votos.
A mesma pesquisa trouxe como nomes para a disputa ao Senado, a deputada federal Érika Kokay (PT), com 18,9% dos votos, a atual senadora Leila Barros (PDT), com 11,5% e a Professora Rosilene Correia, com 9,4%. Em 2022, Leila foi candidata ao governo e ficou com 4,8% dos votos e a Professora Rosilene concorreu ao Senado e terminou com 22,4% dos votos. Érika foi a terceira deputada federal mais votada no DF.
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Edição: Flávia Quirino