Os 54 novos membros do Conselho Federal de Medicina (CFM) serão eleitos nesta terça (6) e quarta-feira (7), em votação eletrônica que acontece em todo o país. No DF, mais de 16 mil médicos estão aptos para votar.
Os escolhidos vão atuar na gestão 2024-2029. Cada estado e o Distrito Federal elegerão dois conselheiros federais, entre titulares e suplentes.
A atual gestão foi eleita em 2019 e desempenhou um papel fundamental de apoio à agenda da extrema direita em diversos assuntos, como as decisões relacionadas à pandemia da Covid e à tentativa de restrição ao aborto legal.
Em junho, o atual presidente da entidade, José Hiran da Silva Gallo, participou de audiência pública no Senado Federal que debatia o Projeto de Lei 1904/2024 (PL do Estupro).
Na reunião, Gallo defendeu a resolução do CFM que proíbe que médicos façam assistolia fetal. O procedimento consiste no uso de fármacos para interromper as batidas cardíacas do feto antes da do procedimento de retirada do útero, nos casos de aborto previsto em lei oriundos de estupro.
Gallo afirmou que “a autonomia da mulher esbarra, sem dúvida, no dever constitucional imposto a todos nós, de proteger a vida de qualquer um, mesmo ser humano formado por 22 semanas”.
Disputa no DF
Três chapas disputam as vagas para representar o Distrito Federal no CFM: Chapa 1 'Reunir e Trabalhar', do grupo de situação, Chapa 2 'Ciência, Ética e Dignidade' da oposição encabeçada pelo grupo 'Médicos em Movimento', e a Chapa 3 'União e Compromisso', formada pela antiga gestão do Conselho Regional de Medicina do DF (CRM-DF).
A Chapa 2 'Ciência, Ética e Dignidade' é encabeçada pela médica Beatriz Mac Dowell e o médico Ricardo Martins (professor da Universidade de Brasília). Uma das entusiastas da Chapa 2 no DF, é a médica Ana Maria Costa, especialista renomada em Saúde Reprodutiva e diretora do Centro Brasileiro de estudo de Saúde (Cebes), que integra o movimento de médicas e médicos insatisfeitos com a atuação do Conselho, denominado Muda CFM.
“Com os absurdos que foram realizados pelo CFM na pandemia, começamos a entender que tínhamos que fazer alguma coisa para retomar o comprometimento do Conselho com a ciência, com a democracia e com o progressismo, pois foi assim no passado”, narrou Ana Costa, citando o apoio do CFM às lutas democráticas nos anos 1980. “Foram muitos absurdos na pandemia, quando o Conselho não referenda o distanciamento social, questiona a vacina e incita profissionais a utilizarem medicamentos sem comprovação”, lembrou a médica.
Quem pode votar?
Os médicos devidamente inscritos nos Conselhos Regionais de Medicina, sem pendências financeiras ou administrativas, poderão votar, por meio do site: eleicoescfm.org.br. De acordo com o site do órgão distrital, o DF tem 16.006 médicos aptos a votarem nas eleições do CFM.
O voto é obrigatório, mas facultativo aos profissionais com 70 anos ou mais. A apuração dos votos será divulgada, conforme calendário eleitoral do CFM, na noite do dia 7 de agosto.
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Edição: Márcia Silva