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Casa Ieda é inaugurada com objetivo de promover segurança e acolhimento para mulheres do DF

A 13ª ocupação do Movimento Olga Benário recebeu o nome de Casa Ieda Santos Delgado, em homenagem à militante da ALN

Brasil de Fato | Brasília (DF) |
Casa Ieda é inaugurada na 307 Sul - Foto: Rafaela Ferreira/Brasil de Fato DF

Com objetivo de garantir mais segurança para todas as mulheres do Distrito Federal, a Casa Ieda foi inaugurada neste sábado (24) na quadra comercial 307 da Asa Sul pelo Movimento Olga Benário DF. O espaço será dedicado ao acolhimento de mulheres em situação de violência doméstica e à organização de atividades formativas voltadas à promoção dos direitos femininos.

A coordenadora do Movimento Olga Benário no Distrito Federal e da Casa Ieda, Nattany Mendes, explica que, por serem escassos os equipamentos que deviam cuidar da política de gênero no DF, a Casa se faz necessária. Ela também fala como o espaço também pode ser um ponto de encontro da promoção cultural para as mulheres.

“A gente busca fazer um acolhimento político também, porque queremos buscar despertar, em cada mulher que entra na nossa Casa, a consciência de que a culpa não é delas por sofrer essa violência e que existe todo um sistema que trabalha para continuar perpetuando isso. Buscamos fazer também essa disputa política com as mulheres e convida elas para se tomar na nossa luta pela vida das mulheres e sobretudo também pelo socialismo”, diz a coordenadora.

Intercalando momentos de intervenção cultural com falas políticas, mulheres de diferentes movimentos sociais também foram prestigiar a abertura da Casa Ieda. Para Amanda Sousa, diretora do Sindicato dos Metroviários do Distrito Federal (Sindmetro-DF), a Casa de Ieda é uma luta essencial e lembra que, apesar da opressão contra mulher não ter classe, ela tem um recorte em que atinge, principalmente, as mulheres periféricas.

“A violência de gênero tem classe quando a mulher tenta sair da opressão. Se a mulher tenta sair da violência, se ela não tem um emprego, ela não consegue”, afirma. “A importância dessa casa estar aberta é conseguir chegar junto a essas pessoas, e garantir a assistência que elas precisam. Espero que a gente consiga manter esse espaço aberto, porque ele é muito necessário”, destaca Amanda.


Casa Ieda é inaugurada na 307 Sul / Foto: Rafaela Ferreira/Brasil de Fato DF

Durante o evento, também foi lembrado que a nova sede foi conquistada após duas ocupações anteriores na Região Administrativa do Guará. Agora, o espaço é um imóvel cedido pela Superintendência do Patrimônio da União no DF (SPU-DF). Presente na inauguração, o superintendente da SPU-DF, Roberto Policarpo, explicou que o local veio a partir de um decreto que trata da democratização dos imóveis públicos para o povo brasileiro e que o pedido da Casa Ieda Delgado faz parte desse programa.

Na ocasião, Policarpo destacou que a importância de buscar mais espaço para os movimentos sociais, especialmente, os em combate à violência contra a mulher. “É um trabalho que elas têm estavam procurando espaço e a partir do diálogo com SPU foi cedido esse prédio para elas. A gente fica muito feliz por colocar os imóveis da União a ser visto do povo brasileiro, a serviço dos movimentos sociais que é o que a gente tem dialogado.”

Também presente no evento, a deputada federal Érika Kokay (PT) já sinalizou a destinação de emendas parlamentares para a realização das atividades da Casa Ieda. “A Casa Ieda é a concretização de muita luta, da capacidade da mulher de abrir os caminhos e construir um caminho diferente”, disse.

Despejo

A reabertura da Casa Ieda foi realizada após dois anos. Em outubro de 2022 e em outubro de 2023, o Movimento ocupou dois imóveis no Distrito Federal em resposta à crescente violência contra as mulheres do DF. Porém, a Casa Ieda recebeu um pedido de despejo por ordem da Administração Regional do Guará.

Sob chuva, o grupo presente na casa teve que sair às pressas, levando consigo roupas, pertences pessoais e alguns alimentos. Camas, colchões, travesseiros, eletrodomésticos e outros itens foram colocados em um caminhão e removidos pela administração.

Nattany conta que, faram dois despejos truculentos, em que uma das membros do Movimento foi atropelada e outra presa. “Depois disso, a gente continuou o nosso trabalho com o projeto chamada ‘Casinha Itinerante’, onde a gente levou serviços técnicos, que são de assistência social, advocacia, atendimento com as psicólogas”, afirma.

Agora, na Asa Sul, setor nobre de Brasília, a coordenadora explica que a expectativa é de tornar o local onde as mulheres da periferia possam acessar não somente para buscar a assistência quando forem violentadas, mas para ter acesso à cultura, lazer e esporte. 'A nossa casa também promove isso então é trazer as mulheres da periferia para esse centro nobre que para nós que é da periferia sempre é negado."

A 13ª ocupação do Movimento Olga Benário recebeu o nome de Casa Ieda Santos Delgado, em homenagem à militante da Ação Libertadora Nacional (ALN) durante a ditadura militar. Ieda formou-se em ciências jurídicas e sociais pela Universidade de Brasília (UnB) em 1969.

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Edição: Márcia Silva