O jornalista Luis Nassif esteve nesta quinta-feira (29) na Universidade de Brasília para apresentar o tema de seu livro mais recente, "A Conspiração da Lava Jato: O Jogo Político que Comprometeu o Futuro do País".
O livro oferece uma análise cronológica e detalhada da Operação Lava Jato e seus desdobramentos. A tese central é que além das principais consequências políticas da Lava Jato, liderado por Sérgio Moro, que culminou na derrubada de Dilma Rousseff da presidência, prisão de Lula no calor das eleições de 2018 e projeção de Bolsonaro, houve também um desmonte de empresas privadas brasileiras e de serviços públicos.
“A Lava Jato é apenas um capítulo final. Ele se insere em um contexto mais amplo, envolvendo a década que contribuiu para o desmonte do país. Durante esse período, foi relativamente fácil obter informações, desde que houvesse critério na busca por elas. O livro reflete um conjunto de atores que participaram da conspiração dos anos 2010, que inclui mudanças significativas no campo social e tecnológico”, disse o jornalista Luis Nassif.
No livro que tem lançamento previsto para setembro, são vários os personagens que compõem a sina da história recente brasileira detalhados pelo autor. “No livro, você encontrará atores estrangeiros, como o Partido Democrático Republicano, a indústria de armas dos Estados Unidos, a máfia dos jogos dos Estados Unidos, o Supremo Tribunal Federal, que agora está se redimindo, o Ministério Público Federal com a Lava Jato, as Forças Armadas e o crime organizado”, explica o jornalista.
Elementos do golpe
Nassif destaca que o fio condutor do livro foi identificar os fatores que levaram ao que ele chama de “desmonte do país”. Ele reflete que revisou os últimos dez anos desde o início da Operação um grupo de agentes, movidos por interesses políticos particulares e assessorados por agentes dos Estados Unidos, que “manipularam a opinião pública e elevaram a figura do então juiz Sérgio Moro como herói de combate à corrupção no Brasil”.
“Um desses fatores é a nova onda de tecnologia”, ele explica, “que trouxe novas formas de comunicação e, consequentemente, inviabilizou o modelo tradicional de negócios da mídia convencional. O livro também explora o papel dos algoritmos, mostrando a atuação inicial da empresa que trabalhou no Brexit, e como esses elementos foram usados no Brasil. Destaca-se também o papel dos evangélicos e dos neopentecostais”, pontua.
O autor destaca que há um capítulo inteiro sobre as interferências dos Estados Unidos na evolução da crise política brasileira e relatou a introdução massiva de “modelos de pensamento” transmitidos por think tanks sediadas nos EUA com finalidade de contrabando de informações em vários países em que foram observadas “revoluções coloridas”, movimentos sociais que desestabilizam governos que serão substituídos por agentes de interesse estadunidense
“Todas essas revoluções – incluindo as manifestações de 2013 no Brasil – tiveram apoio ostensivo de Institutos e ONGs norte-americanas. A partir de determinado momento, houve o apoio direto de agências de publicidade ligadas ao Partido Democrata e que se especializaram em aporte operacional a movimentos dessa ordem”, apontou o premiado jornalista.
Publicado pela Editora Contracorrente o livro “A conspiração da Lava Jato: o jogo político que comprometeu o futuro do país”, estará disponível a partir de 10 de setembro.
Mercado e interferência política
O debate, realizado no auditório do Centro de Estudos Avançados Multidisciplinares (CEAM) contou também com a participação do professor José Geraldo de Sousa Júnior e da diretora da Rede Lawfare Nunca Mais, Cleide Martins.
De acordo com Cleide Martins, o contexto apresentado por Nassif constitui um processo de lawfare que significa emprego de manobras jurídico-legais como substituto de força armada, visando alcançar determinados objetivos de política externa ou de segurança nacional.
“É importante que digamos que essa guerra por meio do Direito e consórcio com a Mídia, uma das estratégias da guerra híbrida, tem o objetivo muito claro de excluir as possibilidades de investimento na economia real, como é o caso da Operação Greenfield (ocorrida em 2016). Essa operação tinha por objetivo impedir que a reserva de um trilhão dos trabalhadores fosse investida em infraestrutura e desenvolvimento”, acrescentou.
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Edição: Márcia Silva