Distrito Federal

crise na saúde

Enfermeiros e médicos da rede pública do DF paralisam atividades

Médicos estão em greve desde 3 de setembro e aprovaram continuidade do movimento até resposta do GDF às reivindicações

Brasil de Fato | Brasília (DF) |
Em assembleia realizada na CLDF, enfermeiros decidem realizar nova paralisação no dia 23 de setembro - Foto: Fernanda Ferreira - Ascom SindEnfermeiro-DF

Enfermeiros e médicos da rede pública de saúde do Distrito Federal estão com atividades paralisadas. A greve da categoria médica já completou oito dias, enquanto os profissionais de enfermagem paralisaram suas atividades pontualmente nesta terça-feira (10) em protesto à sobrecarga de trabalho e em defesa da isonomia salarial. 

“Nós estamos vivendo, há algum tempo, o caos na saúde pública. A resposta do governo tem sido a resposta errada: mais terceirização, mais Iges [Instituto de Gestão Estratégica de Saúde]”, criticou o deputado distrital Gabriel Magno (PT) durante sessão na Câmara Legislativa do DF (CLDF). 

O parlamentar relembrou que um dia após a Câmara aprovar, em 27 de agosto, a concessão permanente do Hospital Cidade do Sol ao Iges, gestores do serviço foram alvos de mandados de busca e apreensão em operação da Polícia Civil do DF (PCDF) que apura suspeita de propina de R$ 300 milhões em contrato de alimentação hospitalar. 

Magno criticou a ampliação do Iges, que acontece enquanto não há programa de nomeação de novos servidores. “Não tem política de nomeação de servidores e ampliação de qualidade para trabalho desses servidores que estão na linha de frente, nos hospitais e nas UBSs”, destacou.

SindEnfermeiro entrega documento a vice-governadora 

O Sindicato dos Enfermeiros do DF (SindEnfermeiro-DF) foi recebido na manhã desta terça pela vice-governadora Celina Leão (PP) e pelo secretário de Economia do DF Ney Ferraz, em encontro articulado pela deputada distrital Dayse Amarílio (PSB). 

“É uma luta por isonomia, de tratamento justo pelo que a gente faz e entrega”, disse a parlamentar em sessão da CLDF, à tarde. Segundo a deputada, o governo ficou “estarrecido” com a produtividade dos enfermeiros. “Apesar de nós não termos ainda uma proposta [do governo], se vai ser atendido ou não o pleito, quero deixar registrado que o governo nos recebeu hoje”, agradeceu. 


Deputada distrital Dayse Amarílio (PSB) articulou encontro entre Sindicato e governo: 'ficaram estarrecidos com a produtividade dos enfermeiros" / Foto: Pedro Vinícius - Ascom SindEnfermeiro-DF

Um documento redigido pelo SindEnfermeiro-DF com as justificativas para o pedido de isonomia salarial e com dados sobre a produtividade e o impacto do trabalho dos enfermeiros na rede pública foi entregue às Secretarias de Saúde e de Economia, e à vice-governadora, que prometeram avaliar e apresentar uma proposta à categoria. 

Segundo o levantamento realizado pela entidade, os enfermeiros lideram a assistência à saúde da população do DF, com mais de 1,8 milhão de atendimentos realizados por esses profissionais no SUS entre janeiro e julho deste ano. 

Em 2023, a categoria liderou a assistência ao pré-natal, realizando mais de 110 mil atendimentos de gestantes. No mesmo ano, realizaram mais de 10 mil partos feitos no SUS e ajudaram a alavancar as inserções de DIU na rede pública em 38,7%.

“Não somos apenas mais uma categoria pedindo reajuste. Desde 2020, demos um salto de qualidade e produtividade muito grande, especialmente nos atendimentos aos pacientes na rede pública de saúde”, defendeu o presidente do SindEnfermeiro-DF, Jorge Henrique. 


Enfermeiros votaram por nova paralisação no dia 23 de setembro / Foto: Pedro Vinícius - Ascom SindEnfermeiro-DF

Em assembleia realizada na CLDF, a categoria aprovou nova paralisação de atividades no dia 23 de setembro. Durante a tarde, a categoria fará um ato, às 16h, na Rodoviária do Plano Piloto, para conversar com a população sobre o trabalho da categoria e a campanha por isonomia salarial.

Médicos do SUS completam 8 dias de greve

Os médicos da rede pública de saúde do DF estão em greve desde o dia 3 de setembro. Nesta terça-feira (10), o Sindicato que representa a categoria divulgou um nota de repúdio às declarações da vice-governadora Celina Leão. 

Em entrevista a uma emissora de televisão, Celina Leão declarou que não haverá recomposição salarial para os médicos. “O anúncio foi feito sem um diálogo prévio com a categoria. O que reflete, claramente, a falta de respeito da atual gestão da capital do País com os profissionais de saúde e com a população, que depende desses serviços”, afirmou o Sindicato dos Médicos do DF (SindMédico-DF) em nota. 

A entidade apresentou dados que ilustram a sobrecarga e o colapso do sistema de saúde: há, atualmente, 962.494 solicitações pendentes para cirurgias, exames e consultas no Sistema de Regulação (SISREG), o que representa aproximadamente 30% da população do DF.

O Sindicato também apontou que a cobertura da atenção primária à saúde no DF é a mais baixa do país, com apenas 59% da população sendo atendida. Relatório do Tribunal de Contas do DF (TCDF) destaca que 22 das 33 regiões administrativas estão subequipadas (faltam equipamentos, recursos e pessoal), comprometendo o atendimento. O tempo de espera para exames é de aproximadamente quatro meses.

“A negativa a qualquer recomposição salarial para os médicos, sem contraproposta, anunciada em uma entrevista, mostra a verdadeira situação em que nos encontramos: carregando a saúde pública nas costas totalmente sozinhos. Enquanto o sistema de saúde enfrenta uma crise crítica, o comportamento da vice-governadora evidencia a falta de comprometimento com a resolução dos problemas reais”, conclui a nota do SindMédico-DF.


Categoria aprovou continuidade da greve na noite desta terça (10). / Foto: Ascom SindMédico-DF

Uma assembleia realizada pela categoria na noite desta terça aprovou a continuidade do movimento "até que o GDF apresente uma proposta adequada para o atendimento da pauta de reivindicações - não só as salariais, mas também o que se refere à melhoria das condições de serviço e recomposição do quadro de médicos", observou o sindicato.

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Edição: Márcia Silva