Durante assembleia, o Sindicato dos Enfermeiros do Distrito Federal (SindEnfermeiro-DF) estabeleceu que vai realizar uma nova paralisação no dia 23 de outubro. Nesta segunda-feira (23), a entidade realizou uma ação de 24 horas com objetivo de pressionar o Governo do DF (GDF) a implementar isonomia salarial e a restruturação do plano de carreira dos enfermeiros do Sistema Único de Saúde (SUS). Está foi a quarta paralisação da categoria, que aguarda uma proposta do GDF referente ao reajuste salarial.
"No mês de outubro, vamos fazer uma espécie de operação tartaruga na categoria, que é o padrão. Vamos impactar alguns atendimentos e atividades da Secretaria de Saúde do DF (SES-DF), principalmente, relacionada a questão primaria. Vamos fazer uma agitação para que os enfermeiros não façam a entrega do TPD, que são as horas extras", diz o presidente do SindEnfermeiros-DF, Jorge Henrique.
O sindicalista explica que, hoje, as horas extras são requisitadas para que as escalas sejam fechadas. Com isso, para sinalizar a importância da categoria, a entidade vai pedir que os profissionais não entreguem suas prestações de Trabalho em Período Definido (TPD) no mês de outubro.
Além disso, outras ações serão realizadas na atenção primaria, como a entrega das coordenações de equipe da estratégia de Saúde da Família. "Vamos fazer a entrega porque entendemos que há outros profissionais que podem fazer essa coordenação e, em geral, quem faz são os enfermeiros", informa o presidente.
Os enfermeiros destacam que, atualmente, os desafios enfrentados são: o déficit de profissionais, a alta produtividade, e a crescente diferença salarial, que hoje chega a R$ 5 mil, um aumento significativo em relação aos R$ 800 registrados em 2013.
De acordo com dados do Info Saúde de 2023, um painel da SES-DF, a categoria lidera o número de consultas de pré-natal. Nos primeiros seis meses de 2024, também foram recordistas em atendimentos gerais, com 1,8 milhão de atendimentos. Já na Atenção Primária à Saúde (APS) ganharam primeiro lugar no ranking, com mais de 1,2 milhão de atendimentos.
O presidente da entidade informa que, desde 2018, o quantitativo de enfermeiros permaneceu o mesmo, com uma variação de 3.900 a 4 mil profissionais. Além disso, os enfermeiros ampliaram o acesso ao Dispositivo Ultra Interino (DIU) em 38,7% no segundo semestre de 2023 e realizaram mais de 6 mil partos normais no DF no ano passado.
Jorge Henrique destaca que essa é uma tentativa de fazer com que o GDF abra canais de diálogo com a categoria, que discuta com os profissionais alguma proposta. Na terça-feira (10), o SindEnfermeiro-DF entregou um documento para às Secretarias de Saúde e de Economia, e à vice-governadora, Celina Leão (PP).
O documento apresenta as justificativas para o pedido de isonomia salarial e com dados sobre a produtividade e o impacto do trabalho dos enfermeiros na rede pública que prometeram avaliar e apresentar uma proposta à categoria.
24h de paralisação
Nesta segunda-feira, a categoria realizou uma ação de doação de sangue no Hemocentro de Brasília. À tarde, os enfermeiros se concentraram na Rodoviária do Plano Piloto para promover uma campanha de educação antitabagismo.
Na ocasião, também foram realizadas testagens rápidas de Infecções Sexualmente Transmissíveis (ISTs), distribuição de preservativos e conversas informativas sobre a prevenção da dengue, sinais e sintomas da hanseníase, com distribuição de material educativo sobre hipertensão e diabetes mellitus.
Após as atividades, a categoria realizou uma assembleia para discutir os próximos passos do movimento, em que foi deliberado a nova data da paralisação. Segundo o sindicato, o contato com a população é estratégico e fundamental para fortalecer a luta pela valorização da profissão e pela melhoria dos serviços de saúde no setor público.
Saúde em greve
Na última sexta-feira (21), os médicos da rede pública do DF decidiram suspender o movimento grevista por uma semana, aguardando a contraposta prometida pelo GDF. "Seguimos firmes, mas com esperança de que o diálogo avance e soluções concretas sejam apresentadas", apresenta o Sindicato dos Médicos do DF nas redes socais. Uma nova assembleia já está marcada para esta sexta-feira (27), ou antes, caso o governo retome as negociações.
A categoria estava em greve desde o dia 3 de setembro. Segundo o SinMédico, há uma sobrecarga e o colapso do sistema de saúde. Atualmente, 962.494 solicitações pendentes para cirurgias, exames e consultas no Sistema de Regulação (SISREG), o que representa aproximadamente 30% da população do DF.
O Sindicato também apontou que a cobertura da atenção primária à saúde no DF é a mais baixa do país, com apenas 59% da população sendo atendida. Relatório do Tribunal de Contas do DF (TCDF) destaca que 22 das 33 regiões administrativas estão subequipadas (faltam equipamentos, recursos e pessoal), comprometendo o atendimento. O tempo de espera para exames é de aproximadamente quatro meses.
“A negativa a qualquer recomposição salarial para os médicos, sem contraproposta, anunciada em uma entrevista, mostra a verdadeira situação em que nos encontramos: carregando a saúde pública nas costas totalmente sozinhos. Enquanto o sistema de saúde enfrenta uma crise crítica, o comportamento da vice-governadora evidencia a falta de comprometimento com a resolução dos problemas reais”, mostra nota do SindMédico-DF feita em repúdio às declarações da vice-governadora Celina Leão, que, durante entrevista a uma emissora de televisão, declarou que não haverá recomposição salarial para os médicos.
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Edição: Márcia Silva