A Embaixada da República Islâmica do Irã em Brasília (DF) realizou na noite de quinta-feira, 3 de outubro, uma homenagem ao líder do Hezbollah Sayyid Hassan Nasrallah, morto por Israel em bombardeios contra o Líbano em 27 de setembro.
A cerimônia reuniu representantes diplomáticos da Palestina, o embaixador Ibrahim Alzeben, da Síria, a embaixadora Rania Al Haj Ali, e o anfitrião Abdollah Nekounam Ghadiri, embaixador do Irã.
Também esteve presente o representante da Frente Polisário, movimento político em favor da autodeterminação do Saara Ocidental, Ahamed Mulay Ali Hamadi.
Em seu discurso, o embaixador palestino Ibrahim Alzeben disse, que Hassan Nasrallah é o "rei dos mártires nos últimos tempos". "Nasrallah é defensor do direito e da dignidade humana. Israel se equivoca, o sionismo se equivoca e o imperialismo se equivoca, se pensam que o assassinato de um líder assassina e acaba com a luta", afirmou o diplomata.
No islamismo, "mártir" é alguém que sofreu perseguição e que morreu no campo de batalha para salvar outros. É alguém tido como uma vítima inocente, muçulmana ou não, que morre lutando por uma causa considerada justa.
Alzeben fez referência ao Massacre de Deir Yassin, perpretado contra civis palestinos desarmados da vila Deir Yassin, nas proximidades de Jerusalém, em abril de 1948, por forças sionistas, quando o território palestino vivia sob o Mandato Britânico da Palestina. A criação do estado de Israel está assentada, entre outros, neste episódio.
"Vamos lembrar 9 de abril de 1948 quando fizeram a mesma coisa: genocício, terra arrasada. Promovendo terror para que o povo palestino e as forças que lutavam na Palestina levantassem a bandeira branca. Não levantamos a bandeira branca. Nós estamos lutando e seguiremos lutando. Somos defensores da vida, mas da vida digna. Se for necessário entregar a qualquer momento a vida, como Hassan Nasrallah fez, vamos fazer sem pensar duas vezes."
Ele concluiu dizendo que Gaza vai emergir das cinzas como uma fênix, para se tornar um território livre.
Ao Brasil de Fato, o brasileiro-palestino Sayid Marcos Tenório, da Instituto Brasil Palestina (Ibraspal), fez menção ao "martírio" de outros líderes árabes defensores da causa palestina, ao lado de Hassan Nasrallah: Ismail Haniyeh, líder do grupo palestino Hamas, morto por Israel em 31 de julho deste ano, e do major-general iraniano Qasem Soleimani, morto pelos Estados Unidos em 3 de janeiro de 2020.
"Esses martírios não vão fazer com que os movimentos de resistência recuem. O sangue dos mártires estimula as pessoas a lutarem pela resistência", afirmou o ativista.
O embaixador iraniano Abdollah Ghadiri defendeu que "o assassinato de heróis da luta não traz honra para seus assassinos", afirmando que a resistência no Oriente Médio não atua em nome de nenhum país.
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"É um movimento que não depende nem mesmo de seus grandes líderes e comandantes. Tendo adquirido experiências valiosas em diversos campos, especialmente na última década, alcançou uma maturidade que, nas condições mais difíceis, rapidamente se reconstrói e se fortalece com base em suas experiências passadas", destacou.
Hassan Nasrallah, líder do grupo armado libanês Hezbollah desde 1992, grupo que atualmente é também um dos principais partidos políticos do país, foi morto em um ataque das Forças de Defesa Israelenses (FDI, como é chamado o exército do país) em Beirute, capital do Líbano, em 27 de setembro.
Na ocasião, o bombardeio de Israel contra a capital libanesa deixou pelo menos seis pessoas mortas e outras 91 feridas, segundo o governo do Líbano. O ataque foi realizado horas depois de o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, discursar na sede da Organização das Nações Unidas (ONU) em Nova York.
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O embaixador do Irã no Brasil acusou o regime sionista de Israel de praticar uma "guerra covarde" que "derrama com facilidade o sangue de crianças, mulheres e civis" e que mantém a Faixa de Gaza, território palestino, sob o mais severo bloqueio de alimentos, cuidados médicos e necessidades humanas básicas.
"Ao contrário do inimigo sionista (...) a República Islâmica do Irã, em sua legítima defesa, conforme o Artigo 51 da Carta das Nações Unidas, utiliza grande parte de sua energia militar com extrema precisão, focando em alvos militares e de segurança, tomando o maior cuidado para evitar danos a civis", acrescentou Abdollah Ghadiri.
O artigo 51 da Carta da ONU fala que é legítimo aos Estados recorrerem ao uso da força quando estão sendo alvo de um ataque armado.
Secretário de Relações Internacionais da Federação Árabe Palestina do Brasil (Fepal), Robson Carduch leu uma nota pública divulgada pela entidade.
O assassinato de Hassan Nassarallah, diz o comunicado da Fepal, "é a tentativa desesperada destas forças [sionistas], com aliados regionais igualmente desesperados frente ao declínio do sistema que os criou e sustenta, de deter a roda da história, que já aponta para o fim do projeto sionista na Palestina e na região".
"Somente os covardes morrem, não porque a morte lhes chegue, mas porque nunca viveram. Um covarde não passa de um morto em movimento. Estes são tanto os genocidas que exterminam agora em Gaza e no Líbano, quanto os que preferiram o silêncio frente ao maior extermínio de crianças e mulheres da história. Suas mãos têm o sangue das crianças palestinas e libanesas e de seus herois martirizados." Leia a nota na íntegra no site da Fepal.
O Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) também marcou presença na cerimônia. "Esse martírio contra o líder do Hezbollah é muito mais do que somente contra o grupo libanes. É um extermínio de uma região. A guerra de Israel contra o povo palestino está tomando proporções cada vez maiores. E essa é mais uma etapa dessa guerra", disse Ana Moraes, da coordenação nacional do movimento.
Estiveram presentes ainda Pedro Batista, do Comitê Antiimperialista Abreu e Lima do DF, membros do Partido da Causa Operária (PCO) do DF e integrantes do Comitê de Solidariedade à Palestina no DF, Acilino Ribeiro, reitor da Universidade Popular, o dirigente nacional do João Vicente Goulart, do Partido Comunista do Brasil (PCdoB), e Helyo Doyle, jornalista ex-presidente da Empresa Brasileira de Comunicação (EBC).
Tensão no Líbano
O mês de outubro de 2024 começou com Israel atacando militarmente quatro frentes no Oriente Médio, Líbano, Gaza, Síria e Iêmen, na sequência de uma ofensiva contra o país libanês no final de setembro.
Entre 17 e 18 de setembro, centenas de pagers e walkie-talkies usados como equipamentos de comunicação pelo Hezbollah foram alvos de explosões no Líbano. Embora Israel não tenha assumido a autoria do ataque, o ministro da Defesa sionista, Yoav Gallant, disse na ocasião que estava começando "uma nova fase na guerra".
Poucos dias depois, em 23 de setembro, Israel bombardeou diversas áreas do Líbano no que foi considerado o dia mais sangrento desde a Guerra do Líbano de 2006, também entre o regime sionista e o país árabe. O Ministério da Saúde do Líbano informou que 492 pessoas morreram e 1.645 ficaram feridas.
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O bombardeio israelense do dia 23, uma segunda-feira, também foi considerado o mais violento já conduzido no território do Líbano desde o início da troca de agressões entre Israel e o Hezbollah, há quase um ano – aliados do Hamas na luta pela libertação do território palestino, o grupo libanês realiza bombardeios contra Israel desde o início da nova escalada de tensão na Faixa de Gaza, há um ano.
Em 27 de setembro, Israel matou o chefe do Hezbollah, Hassan Nasrallah, por meio de um bombardeio em Beirute, e lançou uma operação terrestre no território libanês em 30 de setembro. Em resposta, o Irã disparou cerca de 200 mísseis balísticos em direção ao território israelense em 1º de outubro.
Manifestações em Brasília
Na próxima segunda-feira, 7 de outubro, completará um ano que a situação no território palestino, que vive sob tensão desde a criação do estado de Israel, voltou a escalar.
Nesta mesma data no ano anterior, o Hamas atacou a fronteira com Israel, em resposta aos 76 anos de violência. Em um flagrante conflito com o direito internacional, o regime israelense tem como um de seus principais alvos a população civil. Apenas na Faixa de Gaza, desde 7 de outubro de 2023, cerca de 42 mil pessoas foram assassinadas, das quais 16.500 crianças.
Em Israel, o número de pessoas mortas no mesmo período é de 1.139.
Em Brasília, dois eventos em defesa da Palestina vão ser realizados para marcar um ano do conflito. No domingo, 6 de outubro, um ato político e cultural será realizado a partir das 10h na altura da quadra 208 norte, no Eixão do Lazer.
Já na sexta-feira, 11 de outubro, três organizações do Distrito Federal, o Sindicato dos Bancários, o Comitê de Luta e o Comitê em Solidariedade à Palestina, realizam o “Jantar da Resistência”, a partir das 19h. Mais informações na página do Coletivo na rede social.
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Edição: Flávia Quirino