Distrito Federal

Infraestrutura

Moradores relatam problemas de alagamento de estradas e casas no Sol Nascente

Organizações populares também destacam que a falta de participação política agravam a situação

Brasil de Fato | Brasília (DF) |
Rua do Trecho 3 alagada pelas chuvas da última semana - Foto: divulgação

Moradores do Sol Nascente enfrentam novamente problemas graves em decorrência das chuvas fortes ocorridas ao longo da última semana. Grande parte das vias públicas da região estão sem asfalto com solos que favorecem o alagamento de ruas e inundação de casas diante do alto índice pluviométrico.

Existem obras que estão sendo feitas pelo Governo Distrito Federal, porém, enquanto não são concluídas, causam transtornos diversos aos moradores. A dona de casa, moradora do Sol Nascente e representante do coletivo Mulheres do Sol Andreia Lopes Mello, avalia que “as obras do Trecho 3 estão um terror! As obras feitas pelo Plano Piloto parecem estar sendo bem feitas e organizadas. Mas, aqui no Trecho 3, o que acontece é que a enxurrada abre cratera que engole carro, moto e até gente”.

Na semana passada, um carro e um ônibus ficaram presos em um buraco no trecho em obras no Sol Nascente. Para remover os veículos, foi necessário utilizar uma retroescavadeira. Os pedestres que passaram pela área também encontraram dificuldades para atravessar devido à lama.

Em resposta ao Brasil de Fato DF sobre o andamento das reformas, a Secretaria de Obras e Infraestruturas do Distrito Federal informa que no Trecho 3 do Sol Nascente, 65% dos serviços já foram executados. O valor total do contrato para as obras é de R$ 181 milhões, dos quais R$ 117 milhões já foram investidos, restando ainda R$ 64 milhões a serem aplicados para a conclusão dos serviços.

Os dados da Secretaria indicam que no Trecho 1, cerca de 83% dos serviços foram executados, com 65 milhões dos 79 milhões contratados já investidos. No trecho 2, os serviços estão 100% concluídos. Os serviços incluem pavimentação, drenagem e construção de calçadas, essenciais para garantir a dignidade dos moradores e a circulação na área.

Porém, na avaliação dos moradores, as interdições e acidentes causados pela execução estão se arrastando ao longo dos últimos anos.

Susana, também moradora do Sol Nascente e militante do Movimento de Trabalhadores por Direitos, observa que na prática as obras são mal elaboradas. "Trouxeram muito transtorno à população e partes do serviço teve que ser refeito”. Ela avalia que problemas como esse são decorrentes da falta de participação popular no desenvolvimento dos projetos: “Antes de ter um olhar político, tinham que ter um olhar para a comunidade e pela comunidade”.

Participação política dos moradores

Andreia relata que o trabalho da associação de mulheres junto à comunidade tem sido importante para a formalização de reivindicações “para solucionar problemas de derramamento de esgoto, pois isso causa muitas doenças principalmente nas crianças”.

O especialista em engenharia de solos e planejamento urbano, Ricardo de Sousa Moretti, integrante do Observatório dos Direitos à Água e ao Saneamento e da Rede BrCidades, que acompanha o processo de desenvolvimento e infraestrutura do Sol Nascente, avalia que “o bairro tem urbanização incompleta”.

Ele concorda que falta de atenção à comunidade é um problema regular na política destinada à região: “Se persistirmos com uma postura de pouco acompanhamento e interação, e se o processo de participação não for adequadamente gerido, haverá prejuízos para todos, para a sociedade como um todo. Isso pode resultar em uma multiplicação de situações problemáticas e de risco, assim como acidentes”.

Moretti considera que as organizações populares e suas reivindicações sobre o bairro são fundamentais para a continuidade das obras, pois são os moradores que lidam diretamente com a realidade podem oferecer as avaliações mais completas: “existe um conjunto de iniciativas populares de organização e defesa que é impressionante. A população está bastante organizada, mas enfrenta um embate desigual, pois, apesar dessa organização, não estão conseguindo respostas do poder público”.

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Edição: Flávia Quirino