80 famílias organizadas pelo Movimento de Lutas nos Bairros, Vilas e Favelas (MLB) ocupam, desde quinta-feira (7), um prédio abandonado na Quadra 6 do Setor de Indústrias Gráficas (SIG), em Brasília. A ocupação leva o nome de Expedito Xavier, operário candango que morreu soterrado durante a construção da Universidade de Brasília (UnB).
A Polícia Militar do Distrito Federal (PMDF) está no local, mas não houve ação repressiva, conforme informou ao Brasil de Fato DF a coordenação do MLB-DF. A Secretaria de Segurança Pública também esteve na ocupação e convocou uma reunião entre o movimento e a Companhia de Desenvolvimento Habitacional do DF (Codhab) para a próxima segunda-feira (11).
“Queremos cumprir o papel de fazer esse debate sobre déficit habitacional aqui no DF. Muitas dessas famílias que estão aqui estavam vivendo em barracões, em uma situação que é até perigosa”, explica Ellica Ramona, coordenadora distrital do MLB.
De acordo com os dados da Pesquisa Distrital por Amostra de Dados (PDAD) de 2021, há no DF um déficit habitacional de 102.984 domicílios. Já o Censo de 2022, publicado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), mostrou que 148.846 mil imóveis estão desocupados no DF.
“A política habitacional do GDF é uma política que na prática não atende o nível 1, não atende as famílias que recebem um salário mínimo. Essas famílias mais pobres não têm acesso à política habitacional”, afirma Ramona.
Esta é a 97ª ocupação organizada pelo MLB em todo o país e a primeira no Centro-Oeste.
“As ocupações do MLB surgem para preencher o vazio deixado pelo Estado. Acreditamos na urgência de políticas públicas que garantam moradia digna para todos e todas, porque enquanto isso não existe, nossa população está morrendo, seja por falta de teto ou por condições indignas de vida”, diz Milena, que também integra a coordenação do MLB-DF.
Segundo o movimento, o prédio localizado na Quadra 6 do SIG está abandonado há mais de sete anos. No momento, as famílias ocupam o térreo e o primeiro andar do prédio, que estão em melhores condições. “Nós já estamos fazendo a revitalização do espaço, começamos com a limpeza do local”, aponta Ramona.
A ocupação foi batizada em homenagem a Expedito Xavier Gomes, operário candango que morreu soterrado durante a construção do auditório da Faculdade de Educação (FE) da UnB. “Queremos fazer esse resgate da história candanga aqui em Brasília, para a gente não esquecer de quem realmente construiu Brasília”, afirma a coordenadora.
A Ocupação Expedito Xavier, localizada no SIG Quadra 6, lote 2190, na rua do Sinpro-DF, está aberta à comunidade para doações de alimentos, roupas, materiais de limpeza e serviços voluntários. As doações podem ser entregues no local ou podem ser feitas por meio do pix [email protected].
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Edição: Flávia Quirino