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Organizações de trabalhadores do Distrito Federal se manifestam a favor do fim da escala 6x1

Manifestação será realizada nesta sexta (15), a partir das 9h, na plataforma superior da Rodoviária do Plano Piloto

Brasil de Fato | Brasília (DF) |
Com o debate ganhando forças nas redes sociais, aparecendo nos trending topics do X (antigo Twitter), movimentos sociais e sindicais também se posicionaram - Divulgação/VAT

Diversas entidades sindicais e conselhos regionais do Distrito Federal (DF) estão se posicionando a favor do fim da escala 6x1, isto, é seis dias de trabalho por um de descanso. Nesta quarta-feira (13), a Proposta de Emenda à Constituição, de autoria da deputada federal Erika Hilton (Psol-SP), alcançou mais de 171 assinaturas, pré-requisito para que a matéria comece a tramitar no Congresso Nacional.

Com o debate ganhando forças nas redes sociais, aparecendo nos trending topics do X (antigo Twitter), movimentos sociais e sindicais também se posicionaram. Uma delas é a Central Única dos Trabalhadores no Distrito Federal (CUT-DF) que, por nota, afirma está acompanhando de forma atenta o debate acerca da redução da jorna da de trabalho impulsionada pela proposta de fim da escala semanal de trabalho 6x1.

:: Por que todo mundo está falando da escala 6X1? ::

A CUT-DF destaca que avançar na proposta de redução das jornadas de trabalho sem redução salarial é "reconhecer" e apontar soluções para problemas históricos gerados pelo capitalismo". A Central aponta que a redução das jornadas de trabalho contribui sobretudo no sentido de apresentar uma saída para o problema estrutural de falta de trabalho e postos de trabalhos decentes a toda força de trabalho disponível.

Eles afirmam que a redução da jornada de trabalho contribui para diminuir a disparidade de gênero, já que as mulheres são afetadas pela sobrecarga de trabalho, fruto das duplas e triplas jornadas de trabalho. “Os avanços tecnológicos permitem reduzir tecnicamente a jornada de trabalho e este debate deve estar articulado ao debate sobre a distribuição do tempo entre o trabalho e não-trabalho e na própria distribuição das responsabilidades familiares por todos os seus membros”, mostra nota.

No mesmo sentido, o Sindicato dos Professores do DF (Sinpro-DF) informa que apoia posição histórica da CUT em defesa do fim já jornada de trabalho 6x1. “O Sinpro adere à luta da CUT e referenda a nota pública da Central, em que apoia a PEC de autoria da deputada federal Erika Hilton (PSol-SP), que põe fim à escala de trabalho 6×1”, escreve a entidade.

O Sindicato dos Enfermeiros do DF (SindEnfermeiros) aponta que o argumento de que “o fim da escala 6x1 vai ser um desastre para a economia e o setor privado” é um “um exemplo de como as grandes conquistas dos trabalhadores sempre vão ser taxadas de absurdas por quem defende a lógica do lucro através da exploração”.  

A entidade cita a criação do 13º salário, instituído em 1962, como um exemplo do que setores também foram contrários. “Nenhum desastre aconteceu, e hoje, quase 100 milhões de brasileiros são beneficiados pelo direito ao rendimento extra - que contribui diretamente para a movimentação da economia brasileira durante o fim do ano”, lembra a entidade.

Apoio de diferentes categorias

O SindEnfermeiros também reforça que defender o fim da escala 6x1 é colaborar com “um mundo do trabalho com mais qualidade de vida”. “Pelo fim do adoecimento mental e físico, pelo fim da precarização”, mostra nota.

Outras entidades do DF que apoiam a causa são o sindicato dos Servidores da Assistência Social e Cultural do GDF (Sindasc), dos Comerciários do Distrito Federal (Sindcom) e o dos Trabalhadores em Empresas de Transportes Metroviários (Sindmetrô-DF). Para o Sindcom, a redução da jornada de trabalho sem perda salarial contribui para melhorar a qualidade de vida da classe trabalhadora, além de também representa um avanço social em um momento em que as condições de trabalho se tornam “cada vez mais intensas”.

Nesta quarta-feira (12), o Conselho Regional de Psicologia (CRP-DF) também emitiu uma nota afirmando que está unida à luta pelo fim da escala 6x1 e pela redução da jornada de trabalho para toda a classe trabalhadora. No texto, a entidade fala que, durante 17º Plenário do Conselho Regional de Psicologia, o CRP se manifestou a favor da luta, além de chamar as psicólogas e psicólogos para as manifestações.

O conselho ainda lembra que a classe trabalhadora da Psicologia, há anos, luta pelo estabelecimento da jornada de trabalho de 30 horas semanais, bem como de piso salarial digno para as e os profissionais. No último dia 16 de outubro, a partir de mobilização do CRP e outras entidades da Psicologia, a Comissão de Finanças e Tributação (CFT) da Câmara dos Deputados aprovou o parecer favorável ao Projeto de Lei 1.214/2019, da deputada Erika Kokay (PT) e Natália Bonavides (PT-RN), que estabelece a jornada semanal de até 30 horas para nossas profissionais.

“Assim, é com entusiasmo que o CRP 01/DF defende a redução da jornada de trabalho não apenas para nossa categoria, mas para todo o conjunto da classe trabalhadora e, principalmente daqueles e daquelas trabalhadoras submetidas à degradante escala 6x1, que impede o descanso digno, o convívio familiar, o estudo, o lazer e uma vida além do trabalho. A luta da Psicologia não pode ser corporativa, autocentrada e descontextualizada da luta de classes. Reivindicamos a Psicologia como ferramenta de emancipação, um agente na luta política da classe trabalhadora contra a exploração”, mostra nota.

Ato contra escala 6x1

Nos posicionamentos, diversas entidades convocaram as classes para a manifestação em prol do Movimento Vida Além do Trabalho (VAT), que será realizada nesta sexta-feira (15), a partir das 9h, na plataforma superior da Rodoviária do Plano Piloto, em Brasília (DF). A mobilização foi criada para enfrentar a exploração dos trabalhadores, e lutar contra a escala 6x1, que prejudicam a saúde e o bem-estar da população, segundo o movimento.

A movimentação é fruto do trabalho de Rick Azevedo (Psol), vereador eleito do Rio de Janeiro (RJ) e criador do movimento Vida Além do Trabalho (VAT), que defende o fim da jornada de trabalho 6x1, e da deputada federal Erika Hilton (Psol-SP), autora de uma Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que propõe uma jornada máxima de trabalho de 36 horas semanais, ante as 44 horas atuais.

O movimento ganhou apoio nacional em defesa de condições de trabalho mais justas. O VAT argumenta que é de conhecimento geral que a jornada de trabalho no Brasil ultrapassa, frequentemente, os limites razoáveis, sendo a escala de trabalho 6x1 uma das principais causas de exaustão física e mental dos trabalhadores.

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Edição: Rafaela Ferreira