Movimentos sociais e coletivos feministas anunciam para sábado (7) um Mutirão de Plantio em homenagem às mulheres vítimas de feminicídio no DF. Por iniciativa dos grupos de militantes Jovens de Expressão, Maloka Socialista e Instituto Filhas da Terra, o encontro semeará 23 mudas de árvores de ipês e jacarandá em memória às mulheres que tiveram suas vidas interrompidas. O mutirão começa a partir das 8h, na praça dos Eucaliptos, em Ceilândia Norte.
Para além do plantio, será feito uma roda de acolhimento e escuta para dialogarmos sobre a violência de gênero e as formas de enfrentaremos, também terá um stand com cartilhas da Procuradoria Geral da Mulher da CLDF.
A assistente social Larissa Brenda, coordenadora do Jovem de Expressão, explica que o “essas mulheres não são somente uma estatística, elas faziam a diferença na sociedade, infelizmente desde a divulgação do mutirão mais duas mulheres foram assassinadas”.
Ela acrescenta que o papel de toda a comunidade é indispensável para encarar essa luta. “Além disso precisamos de homens que estejam comprometidos em eliminar essa violência, conversando com seus amigos, familiares diante de qualquer sinal de violência que seja”, afirma.
As organizações destacam em nota que o problema regular do assassinato de mulheres se deve à “estrutura machista” da sociedade.
Políticas públicas
Larissa também destaca que essa categoria de violência deve ser combatida de forma antecipada, pois a realidade “demonstra que temos que fazer mais ações de prevenção à violência contra a mulher por meio de políticas públicas, não somente agir depois dos atos praticados”.
Ela destaca que o cenário de direitos das mulheres atualmente está sendo ameaçado e devem entrar na pauta do Mutirão. “Além da questão de feminicídio, estamos sofrendo ataques aos direitos das pessoas que sofrem violência sexual”, afirma.
Ela cita como exemplo, a necessidade da luta “contra a PL 1904 que prevê penas de até 20 anos de prisão para pessoas que realizarem abortos após 22 semanas de gestação, essa inclui principalmente casos de violência sexual contra crianças”. “Essa lei além de criminalizar as vítimas, coloca milhares de meninas e mulheres em risco”, avalia.
Feminicídio no Distrito Federal
O encontro será especialmente dedicado à memória de Bertha Victoria Kalva Soares, assistente social de 27 anos, vítima de feminicídio em 22 de novembro de 2024, em Ceilândia. Bertha trabalhava no Conselho Regional de Serviço Social (CRESS) do Distrito Federal e era reconhecida por sua atuação na proteção de animais e na luta contra a violência. Seu corpo foi encontrado próximo ao carro, que havia sido incendiado.
Em nota oficial, o CRESS lamentou profundamente a perda da colega e manifestou indignação diante do aumento da violência contra as mulheres no DF. "Lamentamos profundamente essa perda irreparável e reiteramos nossa indignação e repúdio diante dos casos de violência contra as mulheres, que têm sido recorrentes no DF", declarou a instituição.
A Polícia Civil informou que o autor do feminicídio ateou fogo no veículo após cometer o crime. As investigações apontam que mensagens trocadas e depoimentos de testemunhas indicam que a vítima e o suspeito, Edilson de Sousa Nascimento, se conheciam há apenas três dias. O suspeito teria simulado uma amizade para ganhar a confiança da vítima, saído com ela em seu carro e, em seguida, praticado o crime.
De acordo com a Secretaria de Segurança Pública do Distrito Federal (SSP-DF), 23 feminicídios foram registrados na capital federal em 2024. No ano anterior, foram 31 casos, o maior índice desde 2015, quando a tipificação do feminicídio passou a ser contabilizada.
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Edição: Flávia Quirino