A verdade mostra que os números não mentem, entretanto, quando se busca torcer a realidade, servir a interesses contrários aos gestores, números podem ser omitidos, adulterados e contribuir para que a verdade seja manipulada.
Neste caso, é o que estamos acompanhando nos últimos dias pela grande imprensa brasileira, que afirma que o Governo do Presidente Lula está causando o maior déficit da História.
Vale destacar, que o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (FHC) criou, em 2001, a avaliação entre as despesas e os ganhos das empresas estatais nacionais, estaduais e municipais.
Uma análise que visa à destruição do Estado
Quando FHC elaborou esta avaliação, no final de seu mandato, depois de feito uma das mais nocivas privatizações da história, causando um prejuízo irreversível ao Brasil, ao vender a Companhia Vale do Rio Doce por um valor equivalente aos lucros que obtinha em um ano, também havia iniciado o que ele chamou de reengenharia do Estado.
Era o começo da política neoliberal, que buscava entregar o patrimônio nacional ao grande capital para que se apropriasse das riquezas do povo brasileiro, assim pudesse enfrentar a crise do sistema capitalista, que se aprofundava.
O verdadeiro objetivo da avaliação entre despesas e ganhos das estatais era desenvolver uma campanha para as suas privatizações. Assim foi feito com os bancos estaduais, companhias siderúrgicas e inúmeros setores da economia nacional. Entretanto, a verdadeira sangria do orçamento nacional, o pagamento de juros da dívida pública, continua intocável.
Campanha da mídia hegemônica
Foi divulgado pelo Banco Central, no penúltimo dia de 2024, que as empresas estatais registraram um déficit de R$ 9,108 bilhões de janeiro a novembro deste ano. A imprensa afirma que é o maior patamar da série histórica, iniciada em 2002.
Segundo matéria divulgada pela imprensa, o déficit está assim dividido: empresas públicas federais, R$ 6,04 bilhões; estaduais, R$ 3,17 bilhões e municipais, R$ 103 milhões.
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, negou a informação de rombo recorde nas empresas estatais: “Não é verdade. Às vezes, a contabilidade das estatais não é a mesma da contabilidade pública. Então, quando você faz investimento, às vezes aparece como déficit – o que não é”. Além do fato de que o Estado tem a sua finalidade originária de assegurar a estabilidade social, mantendo o equilíbrio financeiro e fiscal com a finalidade da gestão pública de atender às necessidades da população em busca da justiça social.
Entretanto, o que temos visto nas últimas décadas é a propagação do que se denominou Estado Mínimo, com a propagação de que o mercado deve regular a sociedade, o que significa o Estado abandonar seu papel e entregar aos rentistas e acionistas o poder para definirem a política econômica do País.
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A partir da política neoliberal, que busca se apropriar das empresas estatais, como foi feito com a Companhia Vale do Rio Doce, a Eletrobrás, a BR Distribuidora e tantas outras, todas altamente lucrativas, que também sofreram ataques por meio de campanhas que visavam fragilizá-las para que fossem entregues ao capital privado, seguem sendo afetadas no campo da política.
A grande imprensa ataca diariamente as empresas públicas, usam manipulações para seguirem se apropriando do patrimônio público, um conluio entre o Banco Central, o grande capital e a imprensa.
A não inclusão da Petrobrás, o Banco do Brasil e a Caixa Econômica Federal
A avaliação contábil divulgada pelo Banco Central, que a imprensa circula, inclui as empresas estatais federais, estaduais e municipais; entretanto, exclui a Petrobrás, o Banco do Brasil e a Caixa Econômica Federal.
Por que a informação do Banco Central faz essa exclusão? Qual o interesse? Por que a imprensa não incluiu a Petrobrás, o Banco do Brasil e a Caixa Econômica Federal em suas matérias, escondendo-as, assim reproduzindo a manobra do Banco Central?
Fica claro, mais uma vez, que esta ação tem a finalidade de entregar o Banco do Brasil e a Caixa Econômica Federal aos rentistas, apropriando-se assim do patrimônio do povo brasileiro.
*Eduardo Araújo de Souza é diretor-presidente do Sindicato dos Bancários de Brasília.
**Este é um artigo de opinião. A visão do autor não necessariamente expressa a linha editorial do jornal Brasil de Fato - DF.
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Edição: Flávia Quirino